Vem solidão
Latindo no meio da rua
Como cão, entra na minha barriga-sem-dono.
Fico eu ventríloquo, sem fantoche.
E as luzes de superfície
Correm por essa pele de lombadas
Enxergam na contramão
O essencial está no espinho
Invisível no clarão ( na luz do dia )
As palavras ajudam na dimensão
Como calçar o corpo magro
Vestir o vazio e apertar com cinta
O flagelo e o sentir são família
Embora eu ainda tenha sede de rua
A casa destelhou
Restam algumas paredes de limite
A confusão em cima da superfície,
A dimensão sem teto,
O mendigo tem afeto...
Em cima da ponte e não embaixo!
Na luz do sol e dos olhares famintos
Caminha eu e o outro
Só.